quarta-feira, 26 de setembro de 2012



SETEMBRO DOS SANTOS COSME E DAMIÃO




         Era, então, 17 de setembro de uma manhã agradavelmente fria em Pereiro. Sentada num banco da praça da matriz, ainda naquele comecinho de dia, a brisa leve afagava os meus cabelos. Mesmo mergulhada em meus pensamentos, não deixei de admirar um inofensivo redemoinho que se formou, ali, próximo a uma palmeira, obrigando pequenos gravetos a bailarem no ar.
         O mês de setembro no nosso município é um período marcadamente religioso, em virtude de, nessa época, serem realizados os festejos em homenagem aos nossos santos padroeiros: os santos gêmeos Cosme e Damião. A população pereirense é essencialmente religiosa e, dessa forma, os dias do novenário aos seus santos patronos são aguardados e lembrados durante todo o ano.
         Divagava acerca da importância para cada cidadão pereirense daqueles dias de muita fé e contrição. Exatamente naquele dia ocorreria a procissão pelas ruas principais da cidade, dando início à novena santa. Predominantemente católico, o povo de Pereiro conserva toda a sua confiança nos seus santos padroeiros, agradecendo-lhes a intercessão e proteção, que já vêm de tempos imemoriais. Então, passei a lembrar daqueles que estão distantes do torrão natal, e que, assim, não poderão participar das belas solenidades litúrgicas, e não poderão, logo após cada celebração, entoar, com muita emoção e acompanhados por centenas e centenas de vozes, o magnífico hino aos Santos Cosme e Damião.
         Temos pereirenses em praticamente todos os lugares do nosso grandioso país (uma considerável maioria, no Estado de São Paulo), e eles, por motivos os mais variados – filhos estudando, pais trabalhando, alguns até desafortunadamente adoentados – não terão a feliz oportunidade de subir o patamar da Igreja Matriz para, dentro daquele imponente templo da fé, elevar louvores e agradecimentos a Deus por seus santos médicos. Entristeci-me.
         Levantei-me do banco no qual me encontrava e me dirigi para minha residência, não sem antes verificar com curiosidade o movimento de pessoas em busca das padarias, a fim de comprarem pães para, nos seus lares, toda a família em comunhão, tomarem o ritualístico café da manhã. Alegrei-me.
         Em Pereiro, ou longe dele, cada um dos seus devotos filhos, sem dúvida alguma, elevará aos céus uma oração de agradecimento. E um pedido. Dois pedidos: que toda a sagrada novena transcorra em paz e que, ano que vem, todos juntos, possam comungar da mesma alegria e tranquilidade, que são as mais gratas características do nosso rincão serrano.            

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